Um dos casos que mais chocaram Campo Verde em 2016, a tentativa de homicídio que vitimou o professor Leandro Borges Pacheco e colocou na prisão o advogado George Buzeti, está sendo conduzida pela Policia Judiciária Civil.
Durante esse período entrevistamos autoridades policiais e o advogado do acusado, mas não conseguimos entrar em contato com a vítima Leandro Borges Pacheco, pois ele estava em tratamento no hospital, em Cuiabá. Mas ontem (27), ele e sua família receberam O Diário, em sua residência em Campo Verde. Leandro concedeu uma entrevista exclusiva e falou sobre o dia em que foi vitimado e sobre como está o tratamento de reabilitação.
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O Diário: Ouvimos várias versões sobre o caso, mas não a sua versão. Você lembra do que aconteceu naquele dia?
Leandro Borges Pacheco: Muitas coisas lembro, somente algumas não me recordo. Mas o motivo até hoje fico sem entender pelo tempo da nossa amizade e nada justifica o que ele fez. Foi muito fútil. Como foram dois disparos na altura do ombro e do rosto, poderia ter tirado minha vida. Hoje estou com paraplegia temporária, não sei quanto tempo levará e a porcentagem que vou reabilitar, no momento a situação é muito difícil.
O Diário: Por ele ser seu amigo de infância, como você está lidando com essa situação?
Leandro Borges Pacheco: Para mim isso é um trauma complicado. Todo dia me pergunto por que ele fez isso, em tantas outras festas que a gente fez em casa, na casa dele, sempre consideramos um ao outro. Não entendo essa atitude tão animal, com uma pessoa que era amigo de infância.
O Diário: Testemunhas disseram que você estaria muito alterado, em algum momento você chegou a ameaçar George?
Leandro Borges Pacheco: Não ameacei. Na verdade a discussão que eu tive no local não tinha sido com ele, foi com um dos convidados dele que me empurrou quando estava mexendo no aparelho de som, comecei a discutir, por que todo mundo estava ingerindo bebida alcoólica, mas ameaçar ele não até porque eu estava indo embora, o fato ocorreu quando voltei para buscar meu pendrive que havia ficado no som. Lembro que ele saiu do portão e atirou em mim sem falar nada.
O Diário: Na hora do disparo você desmaiouou se lembra do que aconteceu?
Leandro Borges Pacheco: Lembro de tudo na hora que eu levei o disparo ele atingiu minha medula, não conseguia me movimentar e na hora me deu um desespero, também estava pensando que podia acontecer o pior, mas estava consciente em toda a situação.
O Diário: Como está sendo a recuperação?
Leandro Borges Pacheco: A recuperação é muito lenta até porque a cidade não tem infraestrutura adequada para essa recuperação. Mas mesmo com a estrutura boa requer anos de tratamento, enquanto isso perco meu direito de ir e vir, e todos meus alunos que trabalham comigo perderam um professor que lecionava há bastante tempo.
O Diário: Como está sendo a reação dos seus alunos?
Leandro Borges Pacheco: Recebi muitas cartas, e vídeos, todos estão chateados e comovidos com a situação. Também fico porque meu desejo era estar trabalhando e contribuindo com a sociedade.
O Diário: O fato de George ter sido preso preventivamente de certa forma alivia?
Leandro Borges Pacheco: Nesse país nosso direito deveria valer mais. Acredito que ele deveria cumprir a pena preso, porque o fato de a pessoa ter uma arma de fogo em casa municiada, sei que ele tem outras, é uma pessoa que pode utilizar isso para atirar em alguém. Arma de fogo não traz segurança para ninguém, somente infelicidade.
O Diário: George justificou que você em outra discussão com uma terceira pessoa também estaria armado, isso procede?
Leandro Borges Pacheco: Não possuo arma de fogo de forma alguma. Minha casa está livre se algum investigador quiser vir comprovar. Podem conversar com meus vizinhos se existe algum histórico de arma de fogo.
O Diário: Agora você está passando pela segunda fase do tratamento. Qual sua expectativa?
Leandro Borges Pacheco: A situação é muito complicada, pois dependo de tudo para me movimentar, preciso da ajuda de outras pessoas, essa nova etapa seria ir para um centro de tratamento que é referência no Brasil. O que mais quero neste momento é me recuperar para voltar às minhas atividades. E que a Justiça seja feita para as pessoas que tem o coração vazio e tem armas de fogo em casa, que pegam e atiram em seus amigos de infância.
O Diário: Você foi vítima de uma arma de fogo, se George não a possuísse você acredita que nada disso teria acontecido?
Leandro Borges Pacheco: Nada teria acontecido se não tivesse essa arma. As pessoas que tem armas mesmo registradas pensam que elas estão seguras, mas não estão. Arma de fogo serve para destruir a vida das pessoas, tanto de bem como quem não é. A função dela é matar.
Os familiares de Leandro, pais e esposa estão fazendo tudo que podem para ajudar na recuperação. A mãe Vania Lúcia Pacheco Borges, falou sobre esse momento. “Está sendo muito difícil, gastamos quase R$ 1 mil com medicamentos por dia. Leandro está tomando vários remédios e precisa de cuidados especiais, de profissionais especializados. Tudo isso é muito caro. Agora vamos levá-lo para Brasília para o Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek, mas para realizar esse transporte não pode ser em avião comum teria que ser voo fretado, pois Leandro não consegue ficar sentado por muito tempo”.
Os profissionais da saúde e os empresários que quiserem ajudar os familiares de Leandro, com cuidados e com o voo para Brasília podem entrar em contato. Eles se propõe a pagar o combustível e até mesmo o piloto procurando um gasto menor, pois veem tendo gastos elevados com o tratamento.
O professor de Geografia no final da entrevista ainda mandou um recado em áudio para os seus alunos. Confira no Clique F5.
João Lima 04/11/2016
Verdade, esta coisa de buscar pen-drive tá esquisita. E esse negócio de lembrar de unas coisas e de outras não, também tá estranho. E se o que não lembra é o que mais importa?
Mario Augusto 04/11/2016
Espero que o Leandro se recupere rápido e plenamente mas todos sabem que há mais coisas nessa história que ele não contou. Ele deveria falar também aquilo que não o favorece, inclusive sobre a arma de fogo dele.
Ana maria 04/11/2016
Creio que deve ser realizada uma entrevista com o George para que seja ouvida A VERSAO dele dessa história toda. Tenho certeza que que há muito desta história que não foi contado.
3 comentários