Após três décadas de espera os moradores do núcleo urbano da comunidade Córrego de Ouro, distante 60 quilômetros de Campo Verde, já na Serra de São Vicente e que até recentemente pertencia a Santo Antônio do Leverger, agora contam com um sistema de captação e armazenamento de água eficiente e seguro.
Esta semana a Prefeitura de Campo Verde concluiu a implantação de uma rede com 1,5 mil metros de extensão, que vai de uma nascente localizada na encosta de uma serra próxima à comunidade até dois reservatórios com capacidade para armazenar 20 mil litros de água. Parte da mão de obra foi feita pelos moradores.
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A rede, de acordo com a Secretária Municipal de Desenvolvimento Agrícola e Meio Ambiente, que coordenou os trabalhos de implantação, foi construída com canos de PVC – mesmo material dos reservatórios – e substituiu o antigo sistema que era feito com mangueiras e iam da fonte até as casas sem passar por reservatório.
Por ser rudimentar, o antigo sistema oferecia risco à saúde dos moradores, conforme observou o presidente da Associação dos Pequenos Produtores da Agrovila Vale do São Vicente – Córrego do Ouro, Nadir Moreira Santana.
Segundo ele, até cobra foi encontrada na antiga rede. “A água é limpa porque ela vem da mina, mas naquele percurso da captação [até as casas] vem bicho, folhas secas que, em decomposição, geram fungos e bactérias que provavelmente têm prejudicado bastante a saúde das pessoas aqui em decorrência disso”, disse Santana. “E hoje a gente consegue reduzir em 95% essa possibilidade”, completou.
Ele também frisou que com o novo sistema de captação e armazenamento, a distribuição da água para as cerca de 40 famílias que vivem no núcleo urbano da comunidade será mais eficiente, pondo fim ao desperdício e às falhas no abastecimento provocadas pelo rompimento das antigas mangueiras.
“Eu não tenho nem palavras para dizer o quanto isso é importante. Tem fatores que a gente não consegue nem relatar, isso é o dia a dia que vai nos mostrar”, disse Santana, que, com 56 anos, nasceu e se criou no Córrego do Ouro e sempre esperou por essa melhoria. “Olha, já tem 30 anos a gente batendo nessa tecla, mas nunca tivemos êxito como estamos tendo agora. Eu fico emocionado”, completou.
Professor e diretor da escola da comunidade, Max Dellen França Capelari também destacou as melhorias que o novo sistema de captação e armazenamento de água proporcionará aos moradores. O antigo sistema, segundo ele, não supria a necessidade da localidade.
“Dava muito problema de vazamento. Quando a captação é feita com mangueiras, um [morador] corta, puxa um ramal, outro corta puxa outro ramal e aí gera rompimento, gera falta de abastecimento, gera desperdício da água. Sem contar a qualidade da água que chega [até as casas]. As mangueiras furam fácil, entra terra, prejudica a saúde, mas a principal mesmo era a questão do abastecimento”, frisou Capelari.
O professor destacou a iniciativa da Prefeitura de Campo Verde em instalar o novo sistema de captação e distribuição, que segundo ele, demostra o comprometimento da Administração Municipal com a comunidade. “Tá certo que essa solicitação é antiga, já vinha sendo solicitada nos mandatos anteriores, mas não podia [fazer porque] legalmente era inviável”, reconheceu. “E agora, que realmente oficializou essa transição de Leverger para Campo Verde, de imediato Campo Verde já atendeu”, completou.
Conforme destacou Nadir Moreira Santana, a distribuição da água até as residências será feita por gravidade, não gerando custo com energia elétrica para o funcionamento de bombas. Segundo ele, todo o trabalho de implantação da rede foi feito respeitando o meio ambiente.