Ovinocultura em destaque na região de Campo Verde

Uma importante reunião aconteceu na noite de sexta feira (27) no Clube da Soja em Campo Verde. Criadores de ovinos campo-verdenses e da região integrantes do Núcleo 100% Ovinocultura se reuniram para trocar informações sobre manejo, criação e discutir formas para fomentar da cadeia produtiva de carneiros e ovelhas para abate na região sul de Mato Grosso – um mercado promissor devido a preferência de muitas pessoas pela carne ovina e a falta de animais para abate em nível estadual e nacional.

 

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Conforme Daltri Portella Martins, idealizador do Núcleo 100% Ovinocultura, a interação entre criadores de Campo Verde e região teve início através de um grupo, criado no aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp. “Iniciamos o grupo com apenas 20 produtores e outros profissionais da área e atualmente estamos com 100 integrantes”, disse Martins, destacando que o grupo envolve membros de Campo Verde, Primavera do Leste, Rondonópolis e de Sonora (Mato Grosso do Sul).

Martins contou que a ideia de se formar um núcleo de ovinocultores da região surgiu a partir de discussões do grupo. “Foi nas conversas com os integrantes do grupo que nasceu a ideia de fomentarmos a criação de ovinos na região sul, aumentando o rebanho e, consequentemente, atendendo a demanda de Mato Grosso, baixando o preço e também oferecer um produto com padrão de qualidade para o consumidor final”, explicou.

Produtor rural e criador de ovinos de Campo Verde, Pedro Paulo Montagner (57) , conhecido popularmente como Pedro Cambará atua há mais de 30 anos no segmento e foi um dos precursores da ovinocultura em Mato Grosso. Em entrevista, Pedro, que também é secretário de Agricultura foi enfático em dizer que a ideia da reunião é de fato fomentar e organizar a cadeia produtiva de ovinos não somente em Campo Verde, mas no Estado.

“Quando não existe uma organização e cada um cria de um jeito, os produtores acabam tendo prejuízos, e essa organização trará benefícios para os criadores em atuação, tanto no município quanto na região, fortalecendo e implantando uma atividade nova”, explicou o produtor.

Pedro Cambará elencou ainda outros benefícios que a união dos produtores de Campo Verde e região trará como a geração de novas ofertas de emprego, renda e um padrão de qualidade para carnes ovinas para os consumidores, dando ênfase a viabilidade econômica da criação. “A ovinocultura tanto para grandes como pequenos criadores é muito viável, ainda mais em Campo Verde, onde a carne ovina é muito consumida, por isso é importante que haja essa união, para que ofereçamos um produto padrão de alta qualidade e com bom preço, tanto para o criador na hora da venda para o abate quanto para os apreciadores da carne de cordeiro”, concluiu.

FALTAM OVINOS PARA ABATE EM MT

Faltam volume de rebanho para abate no Estado de Mato Grosso. Foi o que apontou Emanuelle Logrado, encarregada comercial da empresa Celeiro Carnes Especiais, de Rondonópolis, que esteve juntamente com os produtores em Campo Verde e mostrou interesse na formação do núcleo de ovinocultores, destacando que em seu contexto de fundação no ano de 2007, a empresa possuia um frigorífico exclusivo para abate e beneficiamento de ovinos que devido a falta de rebanho foi vendido. “Continuamos com a compra de animais, porém desde 2010 terceirizamos o abate e apenas finalizamos as peças”, ressaltou Emanuelle, afirmando ainda que a empresa encontra dificuldades na compra de carneiros e ovelhas, tanto em MT quanto na região Centro-Oeste.

“Recentemente a empresa comprou uma carga de ovinos em Campo Grande/MS, ou seja, estamos buscando material longe por falta de rebanho no nosso Estado, daí a importância da união dos produtores e fortalecimento da ovinocultura não só na região, mas Estado”, exclamou.

Emanuelle avalia como extremamente viável a criação de um núcleo de produtores de ovinos na região “A formação desse núcleo é muito viável e importante para nós, pois assim teremos o Núcleo 100% Ovinocultura como parceiro na hora da compra de animais, barateando assim os custos no frete e também para o consumidor”, disse.

OVINOCULTURA: MERCADO EM ASCENÇÃO

 

A produção de carne de cordeiro faz parte de um dos mercados que mais crescem no país. Um dos exemplos deste crescimento está na região das cidades de Votuporanga, Jales e Bauru, ambas em São Paulo.

O mercado de ovinos naquele estado vive hoje o que a carne bovina viveu na década de 1970. Por insistência de pequenos criadores, o cenário interno está em expansão graças à padronização do processo produtivo que, aos poucos, cria maior diversificação e agrega valor ao produto  podendo considerar a cadeia produtiva de cordeiro como uma commodity (Produtos de origem agropecuária produzido em larga escala).

A elevação do consumo de carne de cordeiro em supermercados e restaurantes de São Paulo incentivou e incentiva alianças entre frigoríficos e produtores. E a grande jogada dos produtores paulistas foi formar associações e se organizar em maior escala para diminuir os custos na produção, investir em tecnologia e ter maior poder de negociação com compradores.

CONSUMO DA CARNE DE CORDEIRO NO BRASIL

Com a produção ainda em crescimento, o Brasil tem 70% de sua demanda interna abastecida pelo Uruguai. O consumo nacional está estimado em cerca de 700 gramas ao ano por pessoa.

O que pode parecer um número considerável se torna completamente inexpressivo se comparado ao consumo de 37 quilos da carne bovina durante os mesmos 12 meses.  Para comparação, a Nova Zelândia consome 40 quilos per capita/ano de carne de cordeiro e a Austrália 20 quilos.