E se no agronegócio, apesar de ter sofrido com a falta de chuva, tem o mercado atual favorável, outro setor que está intimamente ligado ao agro vem amargando uma crise terrível, o setor de transportes, principalmente os autônomos.
Nos últimos meses o custo para rodar com um caminhão vem aumentando consideravelmente, sobretudo devido às altas consecutivas do óleo diesel, pneus e peças. Porém, o frete para o caminhoneiro não acompanhou a mudança de valores e o lucro está diminuindo a cada viajem.
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Segundo Gilson Kremer, presidente da Cooperativa de Transportes de Carga de Campo Verde - Cootranscampo, formada por caminhoneiros autônomos, a atividade está chegando ao ponto da inviabilidade. “Depois que acabar essa safra já ouvi muitos relatos de caminhoneiros que disseram que simplesmente vão parar, e não estou falando de greve não, vão simplesmente abandonar, parar e encostar o caminhão, pois não dá mais para obter o mínimo de sobrevivência com essas condições”, explicou Kremer.
Com o preço do diesel elevado há bastante tempo, eles já não abastecem mais na cidade, Rondonópolis é o local escolhido pelos caminhoneiros, pois encontram preços mais competitivos, cerca de R$ 4,20, mesmo assim os valores são altos frente ao consumo de um caminhão que de maneira generalizada, pois depende de cada modelo e tipo de carroceria, percorrem 1,8 km/por litro.
Gilson realizou uma conta rápida para a equipe de reportagem do Jornal o Diário, com os custos e valores pagos. Por exemplo, para uma viajem para Rondonópolis, somente de combustível, quase 60% do frete (em torno de R$ 1.300) ficam comprometidos, ainda existem os pagamentos de impostos, seguro, perdas durante o transporte, manutenção de rotina e outros custos menores, sobra cerca de R$ 350 a R$ 400 para o caminhoneiro, valor considerado ínfimo, se por um acaso houver um problema com um pneu durante a viajem, o que segundo Gilson é muito comum, a viajem vai trazer prejuízos ao invés de um lucro mínimo. “Um pneu de caminhão custa entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, existem caminhões que possuem mais de 30 rodas, aí você imagina o tamanho do prejuízo se algo sair errado durante o transporte, e ainda existe as questões mecânicas que também estão caríssimas”, pontou Gilson.
E a situação que já está inviável, vai ficar ainda pior quando o último aumento dos combustíveis chegar à bomba. A Petrobras anunciou na segunda-feira da semana passada (08), que aumentará os preços do litro da gasolina, do diesel e do gás liquefeito do petróleo (GLP) nas refinarias, a partir desta terça-feira.
Segundo a companhia, o preço de venda da gasolina será elevado, na média, em R$ 0,17, para R$ 2,25. Já o litro do diesel será reajustado em R$ 0,13, para R$ 2,24, enquanto para o GLP a alta será de 0,14 o quilo. O derivado será vendido, para as distribuidoras, por R$ 2,91 por quilo (equivalente a R$ 37,79 por 13 quilos).
A única solução apontada pelo presidente da cooperativa para que o caminhoneiro consiga respirar, é haver uma política de preços diferenciada pela Petrobrás, outras questões como o preço do frete, diminuição ou isenção de alguns impostos, também são importantes, mas o maior vilão sem dúvidas é o combustível. A esperança dos trabalhadores, é que o presidente Jair Bolsonaro cumpra com o prometido em campanha e crie uma política de controle dos preços dos combustíveis de maneira diferenciada.