Na última semana, dois casos de roubos de implementos agrícolas, registrados em fazendas de Campo Verde, acenderam um alerta para um problema que pode se agravar, conforme esses recursos vão se tornando cada vez mais escassos e caros, devido às consequências da guerra entre Ucrânia e Rússia, o maior fornecedor do país desses implementos, que tem dificultado a importação desses materiais. Somente nestas duas ações, as quadrilhas deram um prejuízo superior a um milhão de reais aos produtores rurais.
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De acordo com autoridades da segurança pública, de olho na vantagem econômica, os criminosos têm cada vez mais se especializado nestes tipos de crimes, migrando de uma modalidade para outra. “Nós temos percebido que muitas quadrilhas que antes agiam na modalidade do novo cangaço, sempre em grande número e bem armados, que roubavam agências bancárias no interior do estado, começaram a migrar para o roubo de defensivos agrícolas, onde o risco é muito menor e o valor agregado dos produtos é, às vezes, até maior do que conseguiam nos roubos a agências bancárias”, explicou o tenente-coronel da PM, Anderson Luis.
Os criminosos chegam as propriedades e surpreendem as vítimas e sequer dão chance delas reagirem. As vítimas são amarradas e deixadas trancadas em algum local enquanto realizam todo o roubo, utilizando muitas vezes tratores e caminhões, tanto das próprias propriedades, como de apoio que eles mesmos possuem.
Esses crimes geralmente são planejados, em alguns casos eles também possuem informação privilegiada de quem trabalha ou trabalhou nestas fazendas, para saber sobre a localização desses materiais e o sistema de segurança presente.
“Por se tratarem de vítimas muitas vezes vulneráveis, é necessário que exista uma rede forte de apoio e informações das fazendas e comunidades rurais, no primeiro caso registrado (Faz. Piramon), uma das vítimas tinha inclusive visto um veículo branco na região, que teria feito várias perguntas, durante dois dias. No terceiro dia, a ação dos bandidos foi deflagrada. Se eles tivessem avisado a polícia, nossa patrulha rural poderia ter ido até lá, feito uma abordagem e talvez desencorajado a ação dos criminosos, não custa nada esse trabalho preventivo, mas precisamos da colaboração do cidadão”, frisou o tenente-coronel.
Outro fator que deve ser levado em consideração, segundo o policial militar, é o investimento em segurança. “O pessoal tem que começar a evoluir a questão da segurança privada, câmeras de boa resolução, monitoramento ao vivo, guarda armada e outros fatores com certeza inibem essas ações, não que elas não ocorram, mas pelo menos não ocorrerão com tanta facilidade”.
REDE DE PROTEÇÃO
Um sistema que pode ajudar os produtores é o Sinal Agro. Trata-se de um sistema que visa agilizar a comunicação com o produtor rural em casos de furto de animais do campo, como bovinos e equinos, e também o roubo e furto de maquinários e defensivos agrícolas.
De acordo com o Chefe do Serviço de Gestão Negocial de Sistemas substituto, o Policial Rodoviário Federal Rafael de Luna, a plataforma foi desenvolvida para proteger os bens do produtor rural, sejam eles de pequeno, médio ou grande porte.
“É um sistema desenvolvido para colher as informações de qualquer ocorrência policial envolvendo roubo ou furto de animais, máquinas agrícolas ou defensivos agrícolas. Esse sistema tem como principal característica o recolhimento de informações através do próprio cidadão que entra na plataforma da PRF e cadastra no sistema Sinal Agro as informações referentes à sua localidade e às características de todos os produtos que tenham sido, por ventura, furtados ou roubados”, explicou Rafael de Luna.
Para acessar o Sinal Agro, basta entrar na página da PRF e clicar no ícone correspondente. Após seguir os passos, o produtor rural preenche um formulário indicando o bem que foi furtado e os dados do notificante. Ao receber a informação no sistema, um servidor da PRF analisará a ocorrência que, após ser validada, é disparada para todos os policiais em serviço num raio de 200 quilômetros. Estes policiais recebem um alerta no smartphone funcional com os dados do bem furtado/roubado e dão início à operação de busca.
“Não é necessário cadastro prévio dos bens e nem dos animais no ambiente virtual da PRF. É necessário apenas que o usuário informe [estes dados] no momento da ocorrência policial”, ressaltou Rafael de Luna. “Além disso, pode-se também fazer o registro da ocorrência tanto na web, no site da PRF, quanto pelo telefone 191, que é o nosso telefone de emergência”, completou.
O Sinal Agro está presente em todo território nacional e pode ser acionado 24h por dia, todos os dias da semana. De acordo com a PRF, quanto antes o produtor rural denunciar o crime ocorrido, maiores são as chances de recuperação do material roubado ou furtado.
O registro no sistema Sinal Agro não substitui o Boletim de Ocorrência que deve ser feito na Polícia Civil.