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NOTÍCIAS DE CAMPO VERDE Segunda-feira, 02 de Maio de 2022, 06:30 - A | A

Segunda-feira, 02 de Maio de 2022, 06h:30 - A | A

CASO ANTIGO

Acidente com animal peçonhento abre discussão sobre falta de soro antiofídico nos municípios

A SES-MT não informou o motivo pelo qual o soro só é encaminhado para unidades regionais

Wellington Camuci

Uma triste história que se repete em cidades do interior de Mato Grosso. Acidentes com animais peçonhentos se tornam uma ameaça constante, devido à falta de soro específico para combater o veneno. Os soros só são encontrados em hospitais regionais.

Na semana passada, uma policial penal morreu após ter sido picada por uma cobra jararaca na casa onde morava, na zona rural de Campo Verde. Luciene Pedroza Moreira Santos de 44 anos, chegou a ser socorrida e recebeu o soro, mas a demora para chegar até onde tinha o soro, o hospital regional de Rondonópolis, localizado há mais de 130 quilômetros de Campo Verde agravou seu quadro de saúde.

Segundo informações do Sindicato dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso (Sindspen-MT), Luciene foi atacada pelo animal peçonhento na quarta-feira (20), enquanto recolhia roupas no varal no sítio da família. Ela foi socorrida pelo marido e levada para o Hospital Municipal em Campo Verde, mas teve que ser transferida com urgência para o Hospital Regional em Rondonópolis.

Luciene teve complicações renais devido ao veneno e foi transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva – UTI para que fosse feito hemodiálise. O procedimento seria uma tentativa de urgência de limpar e filtrar o sangue da vítima, já que os rins não estariam mais funcionando corretamente.

No dia seguinte a internação, o quadro de saúde da policial se agravou e um coágulo na cabeça foi identificado. Ela passou por cirurgia para a remoção do acúmulo de sangue, mas não resistiu.

O marido, Luiz Conceição Santos, disse que ela não notou a presença da jararaca e acabou sendo atacada. Socorrida, Luciene foi levada ao Hospital Municipal de Campo Verde. Porém, segundo o representante do sindicato, Lucivaldo Vieira, não havia soro antiofídico na unidade.

"Ela então tomou o remédio que o médico do plantão receitou e a levaram para Rondonópolis. Com esse lapso de tempo, até tomar o soro, a situação dela se complicou. Vindo a parar os rins e formar coágulos no cérebro".

O Sindspen emitiu uma nota de pesar lamentando a morte da policial. Ela trabalhava na Colônia Penal Palmeiras. "Neste momento de imensa tristeza, desejamos a todos que compartilhavam de sua vivacidade, alegria e humildade nossos sinceros sentimentos de pesar", diz trecho da nota.

Em entrevista para o site UOL, o secretário-geral do Sindspen-MT disse que o estado de Mato Grosso tem uma dificuldade muito grande na aquisição de soro antiofídico. "Apesar de ser um estado de dimensão continental e dentro da floresta amazônica, infelizmente, nós não temos um laboratório ou unidade do Instituto Butantã aqui. Matéria-prima temos de sobra; tem muitas cobras aqui", declarou.

 

FALTA DE SORO

O Ministério da Saúde é o órgão responsável pelo envio de soro aos estados. Mato Grosso, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde – SES-MT, possui 409 frascos que são distribuídos paras as regionais. “A distribuição do insumo é realizada para as 16 Regionais de Saúde, entre as quais estão: Rondonópolis (Hospital Regional de Rondonópolis), que abrange o município de Campo Verde, Cuiabá (Hospital Municipal de Cuiabá), que concentram as maiores quantidades de soro”, diz parte da nota encaminhada pela Assessoria de Imprensa.

Mesmo encaminhando o soro para as regionais, os municípios do estado não possuem soro em estoque e, em casos como este, o paciente deve ser encaminhado para os hospitais regionais para que seja administrado o soro o quanto antes, porém, devido as longas distâncias entre as cidades do estado, essa transferência pode ser fatal.

A SES-MT não informou o motivo pelo qual o soro só é encaminhado para unidades regionais.

Em nota a secretaria destacou que a paciente deu entrada no Hospital Regional de Rondonópolis à meia-noite do dia 20 de abril. A paciente teria sido avaliada pelo médico de plantão e recebido imediatamente 10 frascos de soro antibotrópico.

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