A cotação do milho disparou 34,8% durante o ano e registrou aumento de 102,6% nos últimos 12 meses, alta que é 12 vezes maior que a inflação geral de 8,06% no acumulado de 12 meses, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado no dia 9 de junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa escalada de preços fora dos patamares de normalidade gera impactos diretos na avicultura, que compra o cereal para fabricar ração animal. O milho continua sendo a base da alimentação das aves e essa subida exacerbada de preços, tornou os custos de produção insustentáveis e exigiu um esforço da cadeia produtiva para evitar que produtores abandonassem a atividade e indústrias de abate não baixassem o ritmo de produção, situação que não foi possível.
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Quem acaba sentindo os reflexos desses aumentos nos custos é justamente o consumidor final, a população em geral que já sofre com a alta de outras proteínas como a carne vermelha, peixes e suínos, que encontravam no ovo e no frango uma alternativa ainda viável de alimentação com o custo mais baixo, porém esses aumentos estão elevando o patamar também da carne do frango e ovo, não restando opções baratas, ainda mais neste momento de crise econômica.
Campo Verde é um dos municípios que está entre os maiores produtores de ovos do Brasil, com pelo menos três grandes granjas. Uma pesquisa de preços do IFMT, que também cria aves para estudos práticos dos alunos, demonstrou que o custo tem aumentado substancialmente, mesmo absorvendo boa parte desse custo, no repasse alguém vai dividir esses aumentos.
“A alimentação das aves tem a base do milho, tudo relacionado ao milho aumentou, temos tentado absorver esses cerca de 30% de aumento para manter a produção. Mesmo em estudos não conseguimos substituir essa alimentação com base no milho, temos que minimamente utilizar o milho na alimentação e isso vai encarecer o produto”, disse Fábio Silva diretor do IFMT São Vicente.
Além disso, não podemos esquecer da principal “Lei” do mercado financeiro, que é a da oferta e procura, como as outras proteínas ficaram mais caras primeiro, as pessoas migraram e hoje o consumo de ovo, segundo nossa pesquisa no mercado local, aumentou em mais de 35%, em consequência, falta produto no mercado, com a alta nos custos da produção, infelizmente vivemos o cenário perfeito para mais essa subida nos preços.
De acordo com a edição de 2021 do relatório anual da Associação Brasileira de Proteína Animal, o consumo de ovo cresceu 70% nos últimos dez anos no Brasil. Em 2020, em média, cada brasileiro consumiu 251 unidades de ovo. Há dez anos, o consumo médio era de 148 unidades. No ano passado, 99,69% da produção nacional foi destinada ao mercado interno. O estado de São Paulo é responsável por 29,83% da produção nacional. Apenas 0,31% foi exportado para o exterior - entre os principais destinos estão o Emirados Árabes (54,1%) e a Argentina (7,3%).
Além do milho, o farejo de soja também é usado na produção de alimentação para as granjas. Em 12 meses, subiu em torno de 46,3%, o que se soma aos já elevados custos de produção há, pelo menos, seis meses.